29.12.06

Cada vez mais se apela ao voto em consciência e é frequente ouvirmos dizer que esta "coisa" de referendarmos a despenalização da interrupção voluntária da gravidez é um assunto da consciência de cada um.



Pergunto-me: não nos sentimos incomodados quando alguém decide pela nossa vida ou interfere nos nossos projectos, sem ter o cuidado de nos informar ou pôr-nos a par da situação e dos critérios subjacentes a essa tomada de decisão? Agimos em consciência, suponho, desde que não nos cortem essa possibilidade. Quando isto acontece, sentimo-nos manipulados e privados dos nossos direitos.



E que dizer daqueles que não vêem os seus direitos salvaguardados e que dependem totalmente de outrem que nem podem protestar nem procurar ajuda. Não lhes concedem a mínima hipótese de mais tarde poderem decidir em consciência relativamente à sua própria vida.



A Vida é um Dom que não nos pertence. Vimos à existência porque outros assim o quiseram. Tendo recebido a vida, não podemos pôr termo à mesma, sem afectar a vida dos demais. Não é lícito decidirmos se um ser humano vive ou não vive, porque a vida não é propriedade nossa nem termina nas fronteiras fisiológicas do nosso corpo. Somos pessoas numa rede de relações, situadas numa família, numa comunidade, numa cultura (Niels Henrik Gregersen).



Em consciência, acolhamos, com alegria, o dom da vida.



Gerardo Freitas 
Bemvindos ao blog da campanha regional da Madeira "Plataforma Não Obrigada". Abrimos este fórum para divulgar as actividades desta campanha e abrir o debate sobre a legalização da interrupção voluntária da gravidez tal como vai ser colocado a referendo no dia 11.02.2007 .